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Sáb, Mai

O que significa Liturgia da Palavra?

Liturgia

Nosso Deus se revela pela Palavra e mantém um diálogo de amor com o seu povo. É bom saber que Ele é vivo e que deseja se relacionar conosco e este relacionamento se dá na liturgia também por meio da palavra, “quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja, o próprio Deus fala a seu povo, e Cristo, presente em sua palavra, anuncia o Evangelho.”[1]

“A parte principal da liturgia da palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos cantos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração universal ou dos fiéis. Pois nas leituras explanadas pela homilia Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis. Pelo silêncio e pelos cantos o povo se apropria dessa palavra de Deus e a ela adere pela profissão de fé; alimentado por essa palavra, reza na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro.”[2]

Este momento é aquele em que por excelência Deus nos fala no hoje, e nos cabe responder, o fazemos com o salmo, com a profissão de fé e na oração universal, mas acima de tudo na vida, a liturgia da palavra é uma grande provocação de Deus ao nosso modo de agir, pensar e ver as coisas. Antes de prosseguirmos, pensemos um pouco na Virgem Maria, o Evangelho nos diz que “ela conservava todas essas palavras e as meditava em seu coração”[3]a meditação leva a ação, viver a palavra e da Palavra inspirados nas atitudes da Mãe de Deus, a essa parte da liturgia deve ser vivida com uma intensidade tão grande a deixar que nossas vidas sejam transformadas pelo mistério a ponto de não nos deixar mais da mesma forma que chegamos.

As Leituras e o Salmo

“Mediante as leituras é preparada para os fiéis a mesa da palavra de Deus e abrem-se para eles os tesouros da Bíblia”[4] A disposição das leituras bíblicas que é conservada pela tradição da Igreja, manifesta a unidade dos dois testamentos e da história da salvação, por isso “não é permitido trocar as leituras e o salmo responsorial, constituídos da palavra de Deus, por outros textos não bíblicos”[5]

A primeira leitura é geralmente retirada do antigo testamento, isso aponta o fato de que já ali se previa a vinda de Jesus, que encerra em si o cumprimento de toda profecia. Essa leitura tem uma especial ligação com o evangelho do dia.

O Salmo é a resposta à palavra, é um cântico e por isso deve-se observar que as melodias devem ser criadas a partir do caráter desse momento, o salmista do ambão cantará o salmo mas assembleia deve participar ao menos com o refrão. A propósito do refrão é importante saber que “foram escolhidos alguns textos de refrões e de salmos para os diversos tempos do ano e as várias categorias de Santos, que poderão ser empregados em lugar do texto correspondente à leitura, sempre que o salmo é cantado. Se o salmo não puder ser cantado, seja recitado do modo mais apto para favorecer a meditação da palavra de Deus.”[6]

Uma dica para você que canta a palavra de Deus: O salmo faz o povo elevar sua oração a Deus espontaneamente atravez da melodia e da letra, não a necessidade de ao chegar ao ambão comentar o salmo ou dizer frases como, “o refrão do salmo diz...” ou ainda a cada refrão... “todos juntos” e principalmente, “de braços erguidos!”, “mão no coração!”... como disse antes, a melodia e a letra do salmo fazem com que a assembleia eleve a Deus sua oração de forma espontânea, sem necessidade dessas intervenções.

Na segunda leitura costumeiramente utilizam-se as cartas dos apóstolos e mais notoriamente as de Paulo. Esta é como que um testemunho das primeiras comunidades cristãs acerca da vivencia do evangelho.

“Depois de cada leitura, quem a leu profere a aclamação; por sua resposta, o povo reunido presta honra à palavra de Deus, acolhida com fé e de ânimo agradecido.” [7]

Alclamação ao evangelho

“Após a leitura que antecede imediatamente o Evangelho, canta-se o Aleluia ou outro canto estabelecido pelas rubricas, conforme exigir o tempo litúrgico.”[8] O canto do Aleluia deve ser proferido-se durante todo o ano, exceto na quaresma quando é omitido a partir da Quarta-feira de Cinzas até a Vigília pascal, quando é cantado solenemente. Neste tempo ele é substituído pelo versículo disposto no lecionário antes do evangelho ou por um outro salmo retirado do gradual.

Esta é uma ação através da qual a assembleia Litúrgica acolhe o Senhor que vai falar no evangelho, deve ser cantado por todos e de pé.

O Sínodo da Palavra sugeriu “solenizar, sobretudo em ocorrências litúrgicas relevantes, a proclamação da Palavra, especialmente do Evangelho, utilizando o Evangeliário, conduzido processionalmente durante os ritos iniciais e depois levado ao ambão pelo diácono ou por um sacerdote para a proclamação. Deste modo ajuda-se o Povo de Deus a reconhecer que «a leitura do Evangelho constitui o ápice da própria liturgia da Palavra». Seguindo as indicações contidas no Ordenamento das Leituras da Missa, é bom valorizar a proclamação da Palavra de Deus com o canto, particularmente o Evangelho, de modo especial em determinadas solenidades. A saudação, o anúncio inicial: «Evangelho de Nosso Senhor...» e a exclamação final «Palavra da salvação», seria bom proferi-los em canto para evidenciar a importância do que é lido.”[9]

Proclamação do Evangelho

“A leitura do Evangelho constitui o ponto alto da liturgia da palavra. A própria Liturgia ensina que se lhe deve manifestar a maior veneração, uma vez que a cerca mais do que as outras, de honra especial, tanto por parte do ministro delegado para anunciá-la, que se prepara pela bênção ou oração; como por parte dos fiéis que pelas aclamações reconhecem e professam que o Cristo está presente e lhes fala, e que ouvem de pé a leitura; ou ainda pelos sinais de veneração prestados ao Evangeliário.”[10] Segundo as normas liturgicas o evangelho deve ser sempre proclamado pelo diácono, na falta deste por um outro celebrante ou pelo presidente da celebração.

Homilia

A homilia é uma parte integrante da ação litúrgica e nos leva a compreender mais intensamente eficácia e amplitude da palavra de Deus. Ela atualiza a mensagem da sagrada escritura. “Aos domingos e festas de preceito haja homilia, não podendo ser omitida a não ser por motivo grave, em todas as Missas celebradas com participação do povo; também é recomendada nos outros dias, sobretudo nos dias de semana do Avento, Quaresma e Tempo pascal, como ainda em outras festas e ocasiões em que o povo acorre à igreja em maior número”[11]

A homilia deve ser proferida pelo presidente da celebração, a um outro sacerdote celebrante ou a um diácono, nunca porém a um leigo.

O Silêncio sagrado

Gostaria de observar que o silêncio profundo deve ser mantido no intervalo das leituras e também após a homilia, a exortação apostólica Verbum Domini assinala que “a grande tradição patrística ensina-nos que os mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio e só nele é que a Palavra pode encontrar morada em nós, como aconteceu em Maria, mulher indivisivelmente da Palavra e do silêncio. As nossas liturgias devem facilitar esta escuta autêntica: Verbo crescente, verba deficiunt”

O silêncio favorece a meditação por isso toda pressa na celebração que impeça uma contemplação ativa do mistério deve ser evitada, é precisamente aí no recolhimento do coração que pela ação do Espírito Santo se acolhe a palavra como a semente que caiu em terra boa (Cf Mt 13,23).

O Simbolo da fé

Depois de ter escutado a vós de Deus nas leituras, de rezar com o salmo, de ouvir Cristo falar no evangelho e sua explicaçãona homilia, todo o povo é convidado a responder positivamente àquela, como já dissemos, provocação positiva que faz a Palavra e proclamar a fé e seus grandes mistérios, antes de iniciar sua celebração na Eucaristia.

O Simbolo deve ser cantado ou recitado pelo sacerdote junto com o povo ao domingos, nas solenidades e em missas de carater mais solene.

Há dois textos aprovados para a profisão da fé o Simbolo Apóstolico que é o mais antigo, com origens no séc I e o Simbolo Niceno-Constantinopolitano procedente do séc IV. O primeiro é mais simples e mais curto, já o segundo foi composto para o combate das heresias a respeitode Cristo, do Espírito Santo e do Pai.

A Oração Universal

“Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde de certo modo à palavra de Deus acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salvação de todos. Convém que normalmente se faça esta oração nas Missas com o povo, de tal sorte que se reze pela Santa Igreja, pelos governantes, pelos que sofrem necessidades, por todos os seres humanos e pela salvação do mundo inteiro”[12]

Segundo as rubricas litúrgicas a oração dos fiéis deve ser feitas nas seguintes intenções: a) pelas necessidades da Igreja; b) pelos poderes públicos e pela salvação de todo o mundo c) pelos que sofrem qualquer dificuldade; d) pela comunidade local.

Cabe ao presidente da celebração, de sua cadeira, dirigir a oração. Ele a introduz com breve exortação, convida os fiéis a rezar e depois a conclui.”As intenções propostas sejam sóbrias, compostas por sábia liberdade e breves palavras e expressem a oração de toda a comunidade.O povo, de pé, exprime a sua súplica, seja por uma invocação comum após as intenções proferidas, seja por uma oração em silêncio.”[13]

A oração dos fieis é proferida do ambão e encerra a Liturgia da Palavra.

 

Fonte: Catholicus